Substâncias radioactivas foram identificadas no Pacífico, próximo da central nuclear de Fukushima 1, palco do segundo maior acidente da história da energia atómica.
Do reactor nº 3 sai uma imensa nuvem de fumo (Foto: Reuters)
A Tepco afirma, porém, que os valores de radioactividade agora encontrados no mar não representam perigo imediato para a saúde. “Seria necessário beber a água por um ano de modo a acumular um milisievert”, disse um responsável da Tepco, citado pela agência Reuters. Um milisievert por ano é um valor normal, sem riscos, de exposição humana à radiação.
As análises foram feitas sobre uma amostra de água colectada a 100 metros da central de Fukushima.
Os reactores da central – que há uma semana enfrentam graves problemas, na sequência do sismo e tsunami de 11 de Março no Japão – têm sido arrefecidos com o lançamento de grandes quantidades de água do mar, a partir de helicópteros e viaturas militares e dos bombeiros.
Um novo percalço – fumo negro e acinzentado a sair do reactor 3 – obrigou hoje à evacuação temporária da central nuclear de Fukushima 1. Mas a electricidade foi restaurada em outros reactores, o que poderá permitir um maior controlo da situação causada pelo sismo. O fumo foi detectado às 15h55 locais (6h55, hora portuguesa), segundo a agência de notícias japonesa Kyodo. A Tepco retirou temporariamente da central os seus funcionários para avaliar a situação. Duas horas depois, a nuvem de fumo tinha sido reduzida.
Não foi registada qualquer alteração aos níveis de radioactividade no ar, depois da libertação do fumo, em relação a medições feitas no domingo. No entanto, a Tepco evacuou a central e suspendeu tanto o trabalho de ligação dos reactores 3 e 4 à rede eléctrica, quanto o seu arrefecimento com canhões de água.
Os outros quatro reactores já estão reconectados fisicamente à rede, mas apenas o reactor 2 tem efectivamente a electricidade restaurada, estando a ser alvo de testes. A Tepco irá primeiro ligar as luzes da sala de controlo, antes de ligar os instrumentos que medem a pressão, a temperatura e a radiação dentro do reactor. Se tudo correr bem, o próximo passo será reactivar o sistema de arrefecimento. Ontem, foi detectado fumo branco – possivelmente vapor – a sair deste reactor.
O sismo e tsunami do passado dia 11 cortaram a energia em todos os reactores, impedindo o seu normal arrefecimento. Quatro reactores foram alvo de explosões e houve fuga de radioactividade para o exterior.
O Governo japonês está a divulgar, via Internet (www.mext.go.jp), todos os dados sobre os níveis de radiação. Valores elevados – que superariam o limite aceitável se se mantivessem durante um ano – foram observados para além de um raio de 30 quilómetros da central. Seis trabalhadores de Fukushima 1 foram expostos a níveis elevados de radiações, mas continuam a trabalhar.
Níveis anormais de radiação foram também detectados no leite, verduras e água na região mais próxima da central. O Governo assegura que os valores encontrados não significam uma ameaça para a saúde, mas suspendeu a venda de alguns produtos e pediu às populações para não beberem água da rede.
A Agência Internacional de Energia Atómica ainda considera a situação em Fukushima “muito grave”, mas acredita que será solucionada. “Não tenho dúvidas de que esta crise será efectivamente superada”, disse hoje Yukiya Amano, director da agência.
O Governo japonês admitiu ontem que a central não voltará a funcionar. “Considerando com objectividade a situação na central, penso que se torna evidente que a central de Fukushima 1 não está em condições de funcionar de novo”, declarou Yukio Edano, ministro porta-voz do Governo japonês, numa conferência de imprensa.
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