terça-feira, 15 de março de 2011

Pedro Sampaio Nunes diz que centrais no Japão resistiram bem ao sismo

Ricardo Garcia
O projecto de construção de uma central nuclear em Portugal, apresentado pelo empresário Patrick Monteiro de Barros ao Governo de José Sócrates em 2005, poderá ser recolocado sobre a mesa num futuro próximo, apesar do acidente da central de Fukushima, no Japão.
Segundo Pedro Sampaio Nunes, colaborador de Monteiro de Barros nessa iniciativa, o projecto original está a ser actualizado. A ideia inicial era a de construir uma central com 1600 megawatts (MW) de potência, para abastecer 20 por cento do consumo eléctrico do país. Agora, está a ser estudada a possibilidade de uma central menor, com 1000 MW ou 1400 MW de potência.

O eventual projecto não será apresentado a este Governo, que recusou a ideia inicial apresentada por Patrick Monteiro de Barros em 2005. Mas poderá ser proposto a um Executivo seguinte. “Se houver mundança de Governo, vamos dialogar e ver se há abertura para se apresentar uma proposta do género”, disse Pedro Sampaio Nunes ao PÚBLICO.

Sampaio Nunes, ex-responsável pela área da energia nuclear na Comissão Europeia e ex-secretário de Estado da Ciência, afirma que o sismo e o tsunami do Japão corroboram, ao invés de porem em causa, a segurança das centrais nucleares. Dos 15 reactores na zona mais exposta ao tremor de terra, houve problemas em quatro e, por ora, sem libertação significativa de radiaoactividade. “A conclusão é que resistiram bem a um sismo de magnitude 9,0 e a um tsunami com ondas de 10 metros”, afirma. “Não há situação pior do que esta”.

Segundo Sampaio Nunes, a tecnologia que o projecto de Patrick Monteiro de Barros propunha para Portugal não permitiria que acontecesse o mesmo que está a ocorrer em Fukushima, pois prevê a descarga automática de água com ácido bórico sobre o combustível, caso haja uma falha no sistema de arrefecimento.

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